terça-feira, 22 de novembro de 2016

Eu sou o nada
Mas mesmo sem perceber
Procuro incessantemente
A razão de ser.

Roberto Pittas, Porto Alegre, 23/11/2016

sábado, 21 de março de 2015

Ébria de Sangue

Ébria de Sangue

Por dentre
Vãs emoções
Surge do nada
Uma alma
Ébria de sangue
E antes
Que a esmo
Se esvaia no tempo
Ressurge entre
Corações servis
Caliente
E sedutora
A envolver-me
Por inteiro
Deixando-me tonto
E encantado
Pela sua terna
Vicissitude de perder-se em mim


Roberto Pittas, POA, 19/03/15, 17:58 H

domingo, 9 de junho de 2013

Espaço-tempo

Espaço-tempo

Um dia
O sol nasce
E, num repente,
Deixa-se esvair
No espaço-tempo
E se pudesse vislumbrar
O que o espera
Não deixaria
Ir-se embora


Roberto Pittas, POA, 09/06/13, 11:52 H

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

"SOROR SAUDADE" - FLORBELA ESPANCA

"SOROR SAUDADE" - FLORBELA ESPANCA

A Américo Durão

Irmã. Soror Saudade me chamaste...
E na minh'alma o nome iluminou-se
Como um vitral ao sol, como se fosse
A luz do próprio sonho que sonhaste.

Numa tarde de Outono o murmuraste,
Toda a mãgoa do Outono ele me trouxe,
Jamais me hão de chamar outro mais doce.
Com ele bem mais triste me tornaste...

E baixinho, na alma da minh'alma,
Como bênção de sol que afaga e acalma,
Nas horas más de febre e ansiedade,

Como se fossem pétalas caindo
Digo as palavras desse nome lindo
Que tu me deste: "Irmã, Soror Saudade..."

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Suave Diana

Suave Diana

Sinto-me só,
Mas atrevida
Procuro incessantemente
Em vãos caminhos
Descaminhos
Duma vida outrora ultrajada
A suave noite
Diana,
Ah, amada,
Idolatrada Diana
A seduzir-me por inteira
Antes que a aurora
Venha a despertar-me
Deste doce acalanto.

Roberto Pittas, POA, 28/09/2011 06:17 h

sábado, 30 de outubro de 2010

A Esmo

A Esmo

Ao largo da vida
Espreita a ave barroca
Esfinge rapina
A bicar num sem fim
Minhas entranhas
Blasfêmias
Que regurgitam póstumas
De minha garganta árida
Ávidas sentenças
Da morte que se prenuncia
Num hiato, espasmo
De vida
Algoz de mim mesmo...

Roberto Pittas, POA, 03/08/1998.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Luna Caliente

Luna Caliente

Sou Luna caliente,
Mas carente
A minh’alma anseia por paixões
Os meus seios reluzem
A pedido dum carinho
Pura e indecente
Num mesmo instante
Sem pudores, desavergonhada
Peço que me deleitem
Deitem-me
Na praia
De minhas ilusões
De um dia partir
Sem rumo,
Concha madura
A procura
De meus desejos
Mais inocultos
Sublime
Reascende meu sexo
Querendo unir
Finalmente e eternamente
Convexo e côncavo.

Roberto Pittas – POA, 9/9/2007